Todos nós nascemos da terra e nela morreremos. Não é pregação de carola, mas no junco, seu moço, no cerne, todos, sem exceção, estão ligados ao umbigo da mãe terra. Basta ver, se me compreende, estes que aí estão, aí, chumbados as covas, um dia, um dia não foram homens e mulheres urbanos?. Veja! Até o senhor tem a feição da terra, com esse olhar e rosto trigueiro. A minha presunção é simples, modéstia observação: antes das casas que se colam como carrapicho as clinas do cavalo, todos moravam no campo, feito gado amontoado em dia de procissão; ao capão de mato, no antevir dos pingos d´água da chuva.
O esquisito é que esquecemos de onde viemos e ficamos mais ajujados com o passar do tempo, mais preocupados, tentando ou tateando a adivinhação. Será que não se demora existe o outro lado? Também não sei. É mistério, seu beriva, não tem graça de elucidar, o senhor compreende? Não cabe a nós nos desvendar o que ao homem se esconde. Deixe assim, deixe quieto. Quem sabe não hão de contar, aí, então, vai perder a graça, não é mesmo?
Mas vamos emparelhar um pouco a conversa, afinal só eu que falo e o senhor fica no cenho, no hum! ahã! Ah não, não quer falar! Então escuite de anssim, bem de ouvido ou com os olhos; o senhor pode ler os meus lábios. Falar em olhos, isso aqui mudou pouco. O que mudou mesmo foram as pessoas, porque os bichos são os mesmos e a terra foi o homem quem modificou.
Mira lá, mira acolá, ao longe. Não tê apercebe o silêncio das serranias onduladas feito corpo de mulher, serpenteando o horizonte a perder de vista, até o baixio daquela última coxilha que os olhos vêem? Pois é, é na divisa. Aquele varzedo repleto de caraguatás, de árvores centenárias, já ouviram muitos murmúrios, confissões e lamentações dos primeiros. Ou melhor, os primeiros não se sabe. Se tem conhecimento que eram índios, os que de hoje se chamam bugres. Depois vieram os mestiços; cria das índias com os padres. A coisa se cruzou como se mistura...
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