O crítico filósofo do condomínio conversava sobre origens e significados de nomes aparentemente famosos de estrelas de novelas, quando o Seu Zeca, o vigia da guarita, questionou-o sobre nomes comuns. De início pairou no ar uma incerteza na cabeça do Seu Lengua, nada que não pudesse ser desdobrado pelo dicionário ambulante do Pombal. Sem perder o raciocínio e como o seu próprio nome indicava, a língua era afiada. – Zeca é hipocorístico de José, que vem do hebraico (Yoseph) e significa: aquele que acrescenta – disse. – “Hipo” o que? – indagou o vigia. – Hipocorístico é o diminutivo carinhoso de um nome. É o caso do teu, assim como Bia, que vem de Beatriz – respondeu Seu Lengua. – Ah! sim – falou o guarda, meio sem compreender o sentido daquele palavrão.
E assim, o crítico filósofo discorreu uma lista interminável de nomes: George (greco-italiano): fazendeiro; Schumacher (germânico): sapateiro; Jonas (hebraico): Yonan, pomba; Kaled (árabe): imortal; Hilário (latim): Hilarius, alegre; Márcio: masculino de Márcia (latim): que pertence a Marte; Leandro (grego-latino): homem-leão; Sérgio (latim): Sergius, o que cuida, que protege; Maurício (latim): derivado de Maurus, de pele escura, mouro; Camila (latim): Camilla, jovem criada; Juçara (tupi): que tem espinhos; Lilian (inglês): pura, inocente; Maria (hebraico): Mirian, senhora, soberana; Catarina (grego): Kátharos, puro; Cabral (português): lugar onde há cabras; Matias: abreviação de Matatias (hebraico), dom de Deus; Iansã (afro-brasileiro): deusa da tempestade e senhora dos ventos. Depois de um longo suspiro, Seu Lengua ficou estático. Acendeu um cigarro e ouviu boquiaberto o arremate do vigia do Pombal. – Em certos países, o nome é sobrenome, ou seja, Zeca seria o apelido e Silva o nome. E você me dá toda esta explicação. Hipocorístico também é apelido – concluiu, para surpresa de Seu Lengua, que pela primeira vez na vida perdera um embate dialogístico.
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